03 março 2018

oito graus negativos










Havia oito graus negativos quando o Fox e eu fomos dar a primeira volta do dia. Levei gorro, mas nada de luvas nem de ceroulas. Hehehehe, comparada comigo, a Elsa do Frozen não passa de uma figurinha de desenhos animados.

Por estes dias, ouço estrondos abafados no lago: uma espécie de suspiros da água a lutar contra as massas de gelo. Algumas placas soltam-se, erguem-se e quebram. Tudo aquilo parece estranhamente vivo. Um dia destes talvez consiga gravar esses sons. Hoje, fiz apenas fotografias das cicatrizes no gelo, e também uma do Fox, para quem perguntou como estão as suas orelhas.

Depois de regressar, fui à internet ver que temperatura fazia lá fora. O Matthias apanhou-me a caminho do computador, e riu-se: "no meu tempo", disse ele, "para saber o frio que fazia abria-se a janela dois segundos".

O que me lembrou uma história antiga, que fui repescar aos confins deste blogue. Esta, de 2006:

Ao pequeno-almoço, ainda na penumbra da madrugada (sim, que quem como nós mora quase na Sibéria levanta-se mais ou menos a meio da noite para ir para a escola), o Matthias olhou pela janela e comentou:

"vejo que hoje vai estar quente, não preciso de vestir o casaco"

e eu desatei a pensar que crianças alemãs são vinho de outra pipa, e onde terá ele aprendido a prever o tempo?, e será da forma das nuvens?, será a direcção do vento?, será a luz?

Aí, ele interrompeu os meus neurónios que já iam a duzentos

"Vês ali aquela mulher? Vai pela rua abaixo sem casaco."

1 comentário:

Lucy disse...

que queridas as orelhinhas do querido Fox e que querido o sempre querido Matthias. É que eles são mesmo demasiado queridos