Após o ataque em Münster, as especulações e os boatos espalharam-se na net a grande velocidade. Em momentos tão emocionais como estes, é isto o que mais ajuda: serenidade nos social media. 
 
Um tuíte da polícia de Münster, às 17:07 [de 7.4.18], pede à população que colabore: "Por favor não espalhem boatos e informações", lê-se no twitter da conta @polizei_nrw_ms. "Isso facilita o nosso trabalho. As informações mais recentes serão dadas aqui."

Uma carrinha atropelou um grupo de pessoas no centro de Münster. É tudo o que se sabe naquele momento. No entanto, nos media de acesso aberto como o Twitter ou o Facebook, e também nos grupos de chat como o Whatsapp, multiplicam-se os boatos e as especulações. Deputadas aproveitam a tensão para espalhar a sua visão pessoal do mundo [traduzi os tuítes da Beatrix von Storch aqui], utilizadores das redes sociais semeiam notícias falsas e meias verdades. Já aprendemos com o amok no centro comercial de Munique como situações assim confusas se podem transformar em pânico (aqui pode ler-se uma reconstrução do que aconteceu nessa noite: "Um atacante, um local - e uma cidade aterrorizada: como é que do amok de Munique se fez um atentado terrorista com 67 alvos. Uma reconstrução. [em alemão]).

Apelo à discrição e à calma

Por esse motivo, o pedido da polícia de Münster, que se repetirá várias vezes ao longo dessa tarde, é muito mais que apenas um tuíte. É o apelo à discrição e à calma - justamente por causa do sobressalto daquelas horas. Em situações destas, as pessoas têm tendência a partilhar o seu choque emocional - isso já acontecia antes de haver smartphones. Mas estes aparelhos permitem que o choque pessoal se transforme rapidamente num boato que cria pânico e se espalha a grande velocidade. Por isso, e particularmente em tais momentos, vale a pena respirar fundo e reflectir. O tuíte da polícia de Münster pretendia lembrar essa questão.

Depois do ataque de pânico em Munique, preparei com alguns colegas sete regras que, em situações como estas, podem ajudar a evitar o pânico - e a manter a calma. Podem ler-se aqui [em alemão] e ser partilhadas entre amigos e colegas com o hashtag #evitarpanico, pedindo-lhes para permanecerem calmos.

As regras são estas:

1. Sei que as informações que divulgo serão consideradas fiáveis pelos meus amigos. Especialmente em situações difíceis, quero estar à altura dessa responsabilidade perante os meus amigos - e por isso penso muito antes de publicar algo.

2. Antes de publicar ou de enviar algo aos meus amigos, respiro fundo três vezes - e procuro pelo menos duas fontes de confiança que dêem a mesma informação.

3. Não espalho boatos! Só me interesso por informações confirmadas, e tento manter-me longe de especulações. Por isso, procuro apenas os sites oficiais, os media sérios e as contas verificadas.
 
4. Não publico, não retuíto e não divulgo imagens e filmes cuja origem não conheço. Sei que momentos de confusão como estes atraem impostores que põem a correr fotomontagens e mentiras deliberadas. Não reenvio as suas mentiras porque não os quero ajudar a alcançar os seus objectivos.

5. Partilho com a polícia as informações e as imagens pertinentes, em vez de as partilhar nas redes sociais. Mais ainda se ferem a dignidade das vítimas, ou se são úteis para os agressores.

6. Evito a todo o custo partilhar soluções imediatas para o problema. Conheço o reflexo do "imediatismo comentador" (Bernahrd Pörksen) e evito segui-lo.
 
[lamento da tradutora: não há condições! Tinha de fazer disto a minha vida, traduzindo artigo atrás de artigo. Daquele link, deixo apenas a definição dada na entrevista: "Imediatismo comentador é a interpretação ad-hoc com máximo furor de verdade que ocorre perante informações incertas mas imediatamente disponíveis. Penso que, logo a seguir aos acontecimentos [dos ataques na passagem de ano em Colónia], assistimos à deflagração do viés de confirmação, à manipulação do que aconteceu em função de uma visão pessoal do mundo e à fabricação de sentido, tudo isso a extrema velocidade." ] 
 
Não publico acusações focadas numa única questão, e não lhes dou palco por meio de retuítes ou citações. 

7. Por muito difícil que seja uma situação, não me vou entregar ao pânico e não vou colaborar no aumento do medo. Este é o objectivo central do terrorismo: espalhar o medo e o ódio. Oponho-me a isso! Prefiro que o meu comportamento seja um contributo para manter a serenidade nas redes sociais.